21.7.05
Ainda mais Campos e Cunha
Vão despontando e sucedendo-se as críticas ao affair Campos e Cunha, culminado na sua demissão, imposta ou a pedido, do dia de ontem. Na minha análise, tendo em conta as diversas declarações feitas e o trajecto meteórico de Campos e Cunha neste governo, só consigo vislumbrar duas teses para o sucedido:
- A do idiota útil, em que C&C terá sido manipulado para aceitar o cargo por promessas de autonomia e autoridade na condução do seu plano face aos outros ministérios, e de apoio do Primeiro Ministro. Posteriormente à entrada em funções, terá aceite, ainda que com relutância, o aumento de impostos para aliviar a corda na garganta e ganhar alguma margem de manobra de tesouraria, tendo sido rapidamente por esse facto posto a grelhar na opinião pública, até ao sacrifício do cordeiro no altar estar no ponto, altura em que foi calculada e convenientemente descartado para apaziguar as hostes, forçando-se a sua saída com a clara desautorização do Ministro das Obras Públicas. No seguimento desta tese, é de estranha a saída dócil e bem comportada, sem nenhuma tentação de partir a loiça, ainda mais tendo em conta o facto de ser um independente, desligado do aparelho do PS. A ver vamos nos próximos tempos.
- A do comissário, que esteve no governo a cumprir o seu papel pré-determinado de algoz fiscal, com saída posterior bem estudada, pré-definida e planeada para limpar a imagem dos tempos conturbados dos primeiros meses de governação deste governo, e já com conveniente cargo em empresa pública ou participada de relevo à espera. Assistimos portanto a toda uma grande encenação, uma tragédia grega de desautorizações e orgulhos feridos convenientemente encenada no back-stage. Compreender-se-à assim uma saida suave, cansada e plena de motivos pessoas e familiares, a desculpa-formulário do costume.
colocado por JLP, 21:27