Crítica Portuguesa

5.7.05

Portugal Tele-come

O Semanário Económico noticia na sua edição do último fim-de-semana o último desenvolvimento no affair PT (que parece ter passado relativamente despercebido), que reproduzo acompanhado da minha vénia (negritos meus):

O Governo prepara-se para mudar o Conselho de Administração da PT antes do fim do mandato e para tal tem pressionado os accionistas para fazer também mudanças na Comissão Executiva. O assunto está já a ser conduzido pelo Gabinete de José Sócrates e o objectivo é resolvê-lo antes do fim do Verão.

(...)

O Governo quer não só mudar o actual chairman, Ernâni Lopes, e substituir os dois administradores que em teoria representam o accionista Estado, mas quer também pôr representantes seus na comissão executiva, apoiando-se no que está previsto nos estatutos da PT. Com este pretexto vai tentar fazer uma mudança “de fundo” no board da PT, o que pode implicar mudanças ao nível do presidente executivo da PT e mesmo de outros administradores que compõem a comissão executiva. Espera-se uma reacção negativa do mercado a este intervencionismo estatal na PT.

(...)

O Governo considera que os estatutos da PT conferem ao Estado mais poder do que aquele que exerce neste momento e por isso vai tentar “corrigir” a situação.

(...)

A PT é full listing em NY (nível 3 de ADR) e por isso tem de cumprir exigentes regras de transparência e de independência o que implica deter um determinado número de administradores independentes.

(...)

Tudo parece encaminhar-se para uma reprodução na PT do modelo já adoptado na Galp. Um presidente não executivo ligado ao partido do Governo; um presidente executivo que seja um gestor profissional experiente no sector e alguns administradores, que integrarão o grupo de executivos e não executivos, que seja também do partido (uma espécie de Fernando Gomes). A próxima empresa, depois da PT, deverá ser a EDP.


Neste país em que Joaquim Oliveira ainda aguarda tomar posse daquilo que comprou, o nosso governo de 100 dias prepara-se para dar mais um passo no sentido do aumento da intervenção do Estado na Economia, e no afugentar do capital privado da nossa praça. Depois das cenas de aqui-d'El-Rei protagonizadas pelos frontmen socialistas durante a polémica Marcelo-Gomes da Silva no sentido do excesso de concentração e de influência do Estado nos média, podemos aqui, a confirmar-se, verificar que apesar de mudados os protagonistas, a pouca-vergonha parece ir continuar. E ao que parece, extender-se a outros sectores da economia, com resultados imprevisíveis no eternamente adiado Mercado Ibérico de Energia Eléctrica.

Em propagandeados tempos de crise, o governo parece teimar em dar todos os sinais errados ao mercado e à iniciativa privada. E prefere chamar a si e enriquecer o Mostro do nosso Estado do que alienar as suas posições e fortalecer a concorrência e deixar de interferir num campo que visivelmente não lhe compete.

Mas é claro que há muitos Fernandos Gomes no partido a sustentar...
colocado por JLP, 06:58

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