Crítica Portuguesa

4.8.05

A destreza do insulto

Puta que os pariu

Incrível como todos aceitamos a merda de médicos que temos. Incrível como estes cabrões reduzem uma pessoa a um tubo de ensaio ou a uma análise. Incrível como conseguem ter tão má-vontade, ser tão cabrões e ainda terem a lata de passar uma imagem de devotos da causa pública. Puta que os pariu a todos. Do meio desta merda toda sobra uma consolação. Farei o que tenho a fazer nos EUA. E quem não tem dinheiro ou capacidade para sair da merda deste país? A resposta é simples. Esses fodem-se. E já se sabe que a culpa é do sistema. A culpa NUNCA é do caralho do médico que não move uma palha para fazer o que tem de ser feito. E assim têm estes cabrões a vida de alguém suspensa no resultado de uma análise que se recusam a fazer.


Desiluda-se quem pense que estas palavras são as últimas produções escritas de um membro de uma qualquer claque de futebol ou a transcrição de uma conversa de café entre cavadores com a 4ª classe. Não. Estas palavras são destrezas das dúvidas de um Luís Aguiar-Conraria, assistente universitário e aluno de doutoramento. É verdade.

Fui conduzido a esta peça pel'O Insurgente, tendo sido mais recentemente alertado de novo para a mesma pela leitura do Algumas Passagens. Já na altura, a vontade de também responder à letra ao manto de insultos disparado foi difícil de debelar. Mas a perspectiva de descer ao nível do seu autor rapidamente me pôs no caminho, além de que felizmente fui criado com outro rigor e outros princípios.

Foi no entanto interessante constatar que a notável ligeireza com que se dirige a todo um grupo de pessoas e classe profissional, que naturalmente não conhece individualmente, uma marca sem dúvida da bravura e coragem de um homem pequenino, não impede o referido senhor de aparentar uma certa dificuldade em conviver com a crítica. Duas vezes optei por comentar o referido artigo na sua caixa de comentários, em tom sem sombra de dúvida mais civilizado e assinando o meu nome, e das duas vezes a coragem do referido senhor não lhe permitiu mais do que a remoção desses comentários.

Mais. Porventura por se ter posteriormente envergonhado, ou por ter recebido talvez uma significa porção da educação que lhe faltava na sua digressão aos EUA, acabou por remover o referido artigo do seu blog. Mas a história não se re-escreve, e ficou ainda por escrever o pedido de desculpas público, que se aguarda seja suficientemente sincero e expressivo para equilibrar o que foi dito.

Mas mais triste é verificar que é esta a qualidade pessoal dos quadros académicos do nosso ensino público. Triste também será verificar que o referido senhor não terá provavelmente tido em casa dos seus pais a necessária educação para se relacionar com elevação em sociedade e para conseguir distinguir crítica, mesmo que mordaz e acutilante, de insulto. Urge verificar a frequência destes casos e confirmar se se tratarão de pessoas caídas nos alçapões do nosso sistema, ou se serão vítimas de limitações dos seus pais em lhes transmitir os mínimos para conviverem em sociedade.

É também curioso, e deverá ser sem dúvida informação angariada pelo convívio familiar ou outro, o conhecimento exaustivo que o referido senhor parece apresentar da ascendência da generalidade da classe médica Portuguesa. Será efectivamente por convívio? Terá vindo da senhora sua mãe por afinidade profissional?

Sem dúvida uma página particularmente abjecta, mas particularmente reveladora do carácter (?) emanada da nossa blogosfera.
colocado por JLP, 05:09

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