Crítica Portuguesa

24.1.06

Derrotados da noite VI



A esquerda Portuguesa, recém-saída de uma histórica maioria absoluta do PS, foi inquestionavelmente um dos principais derrotados da noite. Salvando-se o surpreendente desempenho, em crescendo, de Jerónimo de Sousa, especialmente a exibição de força no Pavilhão Atlântico, e o resultado de Manuel Alegre, feito à margem do sistema e com um discurso pouco politizado, dois dos grandes vencedores da noite, todo o restante espectro não deixou de somar derrotas.

A opção de qualificar o confronto com Cavaco Silva como sendo de duelo entre a esquerda vs. direita, quando na prática Cavaco estará mais no limite à direita do conjunto de candidatos apresentados do que propriamente será um candidato de direita, deu logo à partida a hipótese de este aglomerar todo o eleitorado de direita que não tem representação partidária, e de conquistar grande parte do centro sem grande posicionamento ideológico. Além disso, o bipolarizar da contenda fez com que a eventual (e que se veio a verificar) derrota passasse a poder ser atribuida também à esquerda em bloco, sem possibilidade de grande distribuição de danos.

Adicionalmente, e apesar do multiplicar de candidaturas que, sem dúvida, tornaram mais díficil, ao contrario do que muitos dizem, uma vitória à primeira volta, já que se aumentou o leque de candidatos que podem captar o eleitorado flutuante e indeciso no centrão, a campanha foi em grande parte consumida mais pelas candidaturas de esquerda em guerrilhas internas e choques fraticidas, do que propriamente a construir um bloco que afrontasse Cavaco, que desde o início, cautelosamente, explorou a mensagem de candidato supra-partidário.

Verificou-se também cada vez mais que o nosso centrão está com cada vez menos ideologia, e que vai acumulando pouca paciência para confrontos panfletários entre esquerdas e direitas, com reflexo na própria adesão dos militantes ao nível dos vários partidos.
colocado por JLP, 20:39

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