Crítica Portuguesa

23.1.06

A vingança serve-se fria

Foram precisos 30 anós após a nossa descolonização "exemplar", para ter o gosto de ver ser enxovalhado e humilhado nas urnas pelos cidadãos seus pares um dos principais protagonistas da "obra", e distinto traidor do nosso país.

Mesmo aceitando a inexistência de nexo de causalidade directo, apesar de já em muitos lugares ir ouvindo da mesma satisfação pelo mesmo motivo (à boca grande e pequena), é recompensador verificar que a imagem que vai perdurar para a história da figurona em causa, que em muitos países teria tido o devido tratamento em tribunal de guerra, e após a triste sequência a que tentou chamar de campanha eleitoral, vai ser cada vez mais a de um velho senil, tristemente iludido pela sua própria vaidade e arrogância. Dir-se-ia até em muito semelhante à imagem do Salazar dos últimos dias que combateu.

Uma espécie de Dorian Grey da nossa política do século XX cujo quandro foi sendo lentamente destapado durante esta campanha, à medida que a negra figura escondida se foi revelando. Até à exposição final.
colocado por JLP, 16:54

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