31.1.06
Bling bling
No seguimento do meu artigo publicado por estas paragens há algum tempo, lá assistimos hoje ao folclore em volta da nova vinda do Messias Bill Gates a terras lusas. Armado numa mão com dinheiro a rodos para formação profissional, e com a outra afagando a cabecinha do governo sedento de parangonas para o dito choque tecnológico, a junta Portuguesa lá se desfez no lambe-botismo que tão bem sabe pôr em prática.
Ela é a "Microsoft vai apoiar formação de 50 mil elementos das forças de segurança", ou que "
Microsoft e Estado querem formar um milhão de portugueses em cinco anos", ou a "Renovação informática dos tribunais [que] exige investimento de seis milhões de euros". A turma dos papalvos lá se uniu para a fotografia, e fez o jeito para que a acção de publicidade da Microsoft fosse o mais bem sucedida possível. Dinheiro para construir o aparatoso dispositivo de segurança, até pronto a fornecer segurança privada às individualidades da campanha, presença do governo da nação em peso, a obrigatória carica presidencial, nada podia faltar nem ninguém podia perder a oportunidade de sair na fotografia, nem que fosse como capacho, num cantinho do enquadramento com alguém que efectivamente fez alguma coisa de produtivo na vida.
Eu por mim, além de obviamente participar como vai participando o cidadão nas festas, ou seja, pagando a factura, limito-me a levantar algumas questões:
Ela é a "Microsoft vai apoiar formação de 50 mil elementos das forças de segurança", ou que "
Microsoft e Estado querem formar um milhão de portugueses em cinco anos", ou a "Renovação informática dos tribunais [que] exige investimento de seis milhões de euros". A turma dos papalvos lá se uniu para a fotografia, e fez o jeito para que a acção de publicidade da Microsoft fosse o mais bem sucedida possível. Dinheiro para construir o aparatoso dispositivo de segurança, até pronto a fornecer segurança privada às individualidades da campanha, presença do governo da nação em peso, a obrigatória carica presidencial, nada podia faltar nem ninguém podia perder a oportunidade de sair na fotografia, nem que fosse como capacho, num cantinho do enquadramento com alguém que efectivamente fez alguma coisa de produtivo na vida.
Eu por mim, além de obviamente participar como vai participando o cidadão nas festas, ou seja, pagando a factura, limito-me a levantar algumas questões:
- Será que o governo está pronto para montar a barraca das festas para as outras empresas e dignatários da área, incluindo segurança e afins, cada vez que uma cá quiser fazer um showcase, ou há um limite mínimo de carcanhol?
- Pela leitura dos artigos referidos, verifico que a verba caída do céu vai ser essencialmente para formação profissional e de formação de formadores. Será que também já estão contabilizadas as despesas inerentes em licenciamento de software da casa Microsoft, já que presumo que esta irá dar formação nos seus produtos?
- Tinha ideia que contratos deste género necessitariam, sei lá, de concurso público. Ou será que os problemas ficam resolvidos e a proposta é automaticamente aceite se aparecer alguma empresa a fazer um downpayment inicial jeitoso?
- Alguém já avaliou quais são os custos (efectivos e de oportunidade), associados ao efectivar de uma verdadeira monocultura informática nos diversos sectores da administração pública, e mesmo para a iniciativa privada, ao se contribuir para o efectivo lock in da força de trabalho a que se vai dar formação a tecnologias da Microsoft?
- Será que alguém já pensou que sujeitar o sistema de justiça, na prática (e aparentemente parte da polícia), a uma tão grande dependência de um fornecedor pode colocar no futuro sérios questões ao funcionamento dessa máquina judicial? Inclusivé na sua isenção e na sua confidencialidade?
- Alguém acredita, por exemplo e dado este cenário, que alguma vez a Microsoft será investigada e eventualmente acusada de práticas monopolistas no nosso país? Não será de duvidar, ou pelo menos pouco claro que, se tal acontecesse, o acesso previlegiado desta à máquina de justiça fosse extremamente íntimo?
29.1.06
Serviço público (do outro)
De vez em quando a "nossa" televisão pública engana-se e "dá-nos" algumas mostras de verdadeiro serviço público.
Sendo assim, para memória futura, assinala-se amanhã a estreia na 2: às 23.00 da série Roma, co-produção que promete da BBC e da Americana HBO. Além disso, soube através do blog do Vitor Azevedo que a RTP1 se prepara para repôr a partir de 6 de Fevereiro, todos os dias no final da emissão, a primeira época da ultra-galardoada série Lost (por cá "Perdidos"), que infelizmente não pude acompanhar aquando da primeira exibição. Anuncia-se também a passagem da segunda época a partir de 5 de Março.
Duas boas razões para largar por alguns momentos o computador e tirar o pó à televisão!
Sendo assim, para memória futura, assinala-se amanhã a estreia na 2: às 23.00 da série Roma, co-produção que promete da BBC e da Americana HBO. Além disso, soube através do blog do Vitor Azevedo que a RTP1 se prepara para repôr a partir de 6 de Fevereiro, todos os dias no final da emissão, a primeira época da ultra-galardoada série Lost (por cá "Perdidos"), que infelizmente não pude acompanhar aquando da primeira exibição. Anuncia-se também a passagem da segunda época a partir de 5 de Março.
Duas boas razões para largar por alguns momentos o computador e tirar o pó à televisão!
Enterre-se a República das Bananas e levante-se a Republica da Coca
Um bom candidato ao momento de humor do dia:
"Bolivia's new left-wing government has put a coca grower in charge of the fight against drug trafficking."(Via BBC News.)
Raven
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,No dia de hoje, no ano de 1845, era publicado pela primeira vez o poema The Raven, de Edgar Allan Poe. Fica o relembrar desta bela peça da literatura Americana, com link para o artigo da Wikipédia, e para o texto integral que também disponibiliza um ficheiro audio (mp3) do poema recitado por não outro que o respeitável e grande Christopher Walken.
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door-
Only this, and nothing more."
Ajuda internacional
"O Presidente afegão, Hamid Karzai, disse hoje em Copenhaga que o seu país vai precisar de ajuda internacional durante muito tempo, talvez cinco ou dez anos, a fim de garantir a segurança e para consolidar as suas instituições."Eu por acaso tenho ideia que a "comunidade internacional" já vai prestando uma grande ajuda à economia afega, nomeadamente escoando em doses industriais o principal producto da industria agrícola privada do Afeganistão, e injectado em troca enormes quantidades de divisas. Portanto o presidente Karzai não tem nada que se preocupar...
(Via Público Última Hora.)
28.1.06
Prémio "O nosso racismo é melhor que o deles"
"Pelo menos 130 pessoas manifestaram-se esta tarde na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, pela adopção de medidas que apoiem os emigrantes portugueses na África do Sul, vítimas de "crimes racistas", como sustentou o Partido Nacional Renovador (PNR), que organizou o protesto."(Via Público Última Hora, negritos -no pun intended - meus.)
27.1.06
Agora é que vão ser elas!
Por intermédio do Renas e Veados, fiquei a saber que, com o apoio jurídico presencial de Luís Grave Rodrigues do Random Precision, duas mulheres pretendem desafiar a constitucionalidade do artigo 1577º do código civil que define o casamento como "o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida", indo-se apresentar na 7ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa no dia 1 de Fevereiro, pelas 14h30, com a intenção de se casarem.
No seguimento da penúltima revisão extraordinária da constituição (a 6ª), aprovada pelo PS, PSD e CDS-PP, e que terá sido uma das mais discretas da constituição em vigor, não fosse a generalidade das pessoas aperceber-se que se estava a aprovar o primado dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das suas instituições sobre o direito Português (constituição europeia, na altura, oblige!), procedeu-se a uma alteração curiosa ao nº 2 do artigo 13º, nos seguintes termos:
De estranhar será, sem dúvida, a proveniência da alteração.
Quanto às desafiadoras, só me resta desejar boa boda e boa sorte nesse desejo de afronta às incongruências da nossa Lei e do nosso estado.
No seguimento da penúltima revisão extraordinária da constituição (a 6ª), aprovada pelo PS, PSD e CDS-PP, e que terá sido uma das mais discretas da constituição em vigor, não fosse a generalidade das pessoas aperceber-se que se estava a aprovar o primado dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das suas instituições sobre o direito Português (constituição europeia, na altura, oblige!), procedeu-se a uma alteração curiosa ao nº 2 do artigo 13º, nos seguintes termos:
"Artigo 4.ºMais cedo ou mais tarde já se esperava que alguém arranjasse coragem e meios para desafiar a constitucionalidade das normas que regulam o casamento, e provavelmente no futuro da adopção. Era visto como sendo uma questão de tempo, que parece ter chegado.
No n.º 2 do artigo 13.º da Constituição é eliminada a expressão «ou» entre «económica» e «condição» e é aditada in fine a expressão «ou orientação sexual», passando o número a ter a seguinte redacção:
«2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.»"
De estranhar será, sem dúvida, a proveniência da alteração.
Quanto às desafiadoras, só me resta desejar boa boda e boa sorte nesse desejo de afronta às incongruências da nossa Lei e do nosso estado.
25.1.06
Um verdadeiro choque tecnológico
O Slashdot noticia:
"In an unprecedented move, Stanford University is collaborating with Apple Computer to allow public access a wide range of lectures, speeches, debates and other university content through iTunes. No need to pay the $31,200 tuition. No need to live on campus. No need even to be a student. The nearly 500 tracks that constitute "Stanford on iTunes" are available to anyone willing to spend the few minutes it takes to download them from the Internet.'"Uma medida que muitas das nossas universidades podiam implementar, com custos reduzidos, provavelmente inferiores a todo o dinheiro que já se gastou na promoção do Plano Tecnológico.
O país (e o estado) que temos
- Encomenda enviada do Iowa, EUA, no dia 12/12 e no valor de $90.
- Chegada ao Centro de Tratamento de Correspondências do Sul, dos CTT Correios em 31/12.
- Saída da alfândega a 06/01.
- Recibo emitido na sede dos CTT Correios em 20/01.
- Entrega final da encomenda em 25/01, 44 dias (33 úteis) depois do envio inicial.
- Custo final: $90 + $15 (portes) + €29,92.
- €3,5 de direitos.
- €1,5 de imposto de selo.
- €21,12 de IVA.
- €0,15 em emolumentos.
- €1,25 para impresso.
- €0,15 para os CTT Portugal.
- €2,25 de taxa de apresentação à alfândega.
O rei das caricas
O "nosso" presidente em avançado estado de decomposição aproveitou o dia de hoje para entregar mais algumas caricas de Herói do Trabalho Socialista.
E parece que ainda não ficaram por ali.
E parece que ainda não ficaram por ali.
Ensinamento do dia
Aparentemente, na república Portuguesa, herdeira da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, afinal parece que ainda há a aristocracia e os outros.
Parece que afinal o voto não é igual para todos, e que há promoções e despromoções como no campeonato da Liga.
Imaginem o que se diria se tivessemos um ex-operário fabril como Lula da Silva para presidente. Eventualmente que não conseguiria comer com a boca fechada nas recepções. Obviamente, se fosse de direita...
Parece que afinal o voto não é igual para todos, e que há promoções e despromoções como no campeonato da Liga.
Imaginem o que se diria se tivessemos um ex-operário fabril como Lula da Silva para presidente. Eventualmente que não conseguiria comer com a boca fechada nas recepções. Obviamente, se fosse de direita...
Boas notícias!
O programa oficial do fantasporto 2006 (a decorrer de 20 de Fevereiro a 5 de Março) já está online!
Filmes a não perder:
Filmes a não perder:
- Sympathy for lady vengeance (Segunda 20/02, 23.15, Segunda 27/02, 19.00)
- Three... Extremes (Sábado 25/02, 01.15)
- Dumplings (Domingo 26/02, 19.00)
- Ghost in the shell 2 (Sexta 03/03, 21.15)
- Hostel (Sexta 03/03, 01.15)
- Fragile (Sábado 04/03, 21.45)
24.1.06
Derrotados da noite (nota de rodapé)
Regressado por alguns instantes das catacumbas da política Portuguesa, onde justamente foi colocado após o triste período do santanismo, Santana Lopes não hesitou em vir à televisão soltar um pouco de fel e dar a sua facadinha em Cavaco, transformado em inimigo de estimação. Terá ficado embevecido por se ter visto outra vez na televisão e com os seus segundos adicionais de (triste) fama. O eleitorado e a generalidade da opinião pública só viram a prestação como uma birra, demonstração de mau perder e inveja de quem nem os seus conseguiu mobilizar. Cavaco estará nesta altura a rir-se...
O cão ladrou e a caravana passou. Santana pode voltar ao buraco onde com estrondo se enfiou.
Derrotados da noite VI
A esquerda Portuguesa, recém-saída de uma histórica maioria absoluta do PS, foi inquestionavelmente um dos principais derrotados da noite. Salvando-se o surpreendente desempenho, em crescendo, de Jerónimo de Sousa, especialmente a exibição de força no Pavilhão Atlântico, e o resultado de Manuel Alegre, feito à margem do sistema e com um discurso pouco politizado, dois dos grandes vencedores da noite, todo o restante espectro não deixou de somar derrotas.
A opção de qualificar o confronto com Cavaco Silva como sendo de duelo entre a esquerda vs. direita, quando na prática Cavaco estará mais no limite à direita do conjunto de candidatos apresentados do que propriamente será um candidato de direita, deu logo à partida a hipótese de este aglomerar todo o eleitorado de direita que não tem representação partidária, e de conquistar grande parte do centro sem grande posicionamento ideológico. Além disso, o bipolarizar da contenda fez com que a eventual (e que se veio a verificar) derrota passasse a poder ser atribuida também à esquerda em bloco, sem possibilidade de grande distribuição de danos.
Adicionalmente, e apesar do multiplicar de candidaturas que, sem dúvida, tornaram mais díficil, ao contrario do que muitos dizem, uma vitória à primeira volta, já que se aumentou o leque de candidatos que podem captar o eleitorado flutuante e indeciso no centrão, a campanha foi em grande parte consumida mais pelas candidaturas de esquerda em guerrilhas internas e choques fraticidas, do que propriamente a construir um bloco que afrontasse Cavaco, que desde o início, cautelosamente, explorou a mensagem de candidato supra-partidário.
Verificou-se também cada vez mais que o nosso centrão está com cada vez menos ideologia, e que vai acumulando pouca paciência para confrontos panfletários entre esquerdas e direitas, com reflexo na própria adesão dos militantes ao nível dos vários partidos.
Derrotados da noite V
Ao ter aceite de bom grado associar-se ao coro das cheerleader pró-Soares, não tendo problemas em se deixar confundir no meio dos outros super-mários, o destinto professor de Direito e pai partilhado da nossa actual constituição terá sacrificado sem dúvida muita da consideração e do respeito que esse estatuto lhe votava. Se o seu contributo na Causa sempre conseguiu ser elevado e digno, não deixando de ser acutilante e de defender a dama, é de lamentar que numa questão que deveria ser, ainda mais para si dadas as suas responsabilidades anteriores, particularmente elevada, tenha optado por se prontificar a chafurdar na lama do puro enxovalhamento político.
Além disso, caindo no descurso de "Aqui d'el Rei!" em relação a pseudo-ataques em potência de Cavaco Silva à sua constituição, acabou por comprovar que a constituição não é estanque e completa, mas que é sim, segundo ele, património de uma suposta esquerda que teria o seu exclusivo interpretativo. Eventualmente Vital Moreira lamentará os pontos em que se enganou ou aquilo que não conseguiu ver escrito na nossa constituição, mas acercar-se de uma suposta superioridade moral, não só para sí, mas também para uma parte do espectro político Português, de ditar o dogma e de certificar o desvio, para mim que sou Monárquico parece-me, no mínimo, muito pouco republicano.
Para concluir, e em tom mais ligeiro, esperemos que o convívio prolongado na blogosfera com Ana Gomes não esteja a deixar sequelas irrecuperáveis...
Derrotados da noite IV
A Eurosondagem.
Se dúvidas ainda houvessem relativamente à honestidade e inocência de muitas das sondagens que vão sendo apresentadas aqui e ali, relativas a este ou aquele facto político de relevo, o milagre das rosas denunciado por Manuel Alegre veio desmascarar a engenharia estatística que vai rondando a nossa praça. Eu, que costumo dizer que desde que tive Estatística deixei de acreditar em sondagens, senti-me confirmado.
Se também subsistissem dúvidas relativas ao facto de como é possível um dirigente de um partido político, no caso o socialista Rui Oliveira e Costa, presidir a uma empresa de sondagens e se continuar a conferir credibilidade política à isenção das sondagens por ela produzidas, também aqui se teve a prova.
Sondagens, como os chapéus do outro, há efectivamente mesmo muitas, e aparentemente vão-se encomendando à medida da tentativa de criar factos políticos e vagas de fundo. Cada vez mais a sondagem deixa de ser um mecanismo de aferição e estimativa, para se tornar numa arma de arremesso política.
Se no mercado das sondagens a credibilidade e a idoneidade ainda valer alguma coisa, o facto de ter sido apanhada com a mão na jarra das bolachas pode ter desferido um golpe eventualmente irreparável na posição do mercado da Eurosondagem.
Se dúvidas ainda houvessem relativamente à honestidade e inocência de muitas das sondagens que vão sendo apresentadas aqui e ali, relativas a este ou aquele facto político de relevo, o milagre das rosas denunciado por Manuel Alegre veio desmascarar a engenharia estatística que vai rondando a nossa praça. Eu, que costumo dizer que desde que tive Estatística deixei de acreditar em sondagens, senti-me confirmado.
Se também subsistissem dúvidas relativas ao facto de como é possível um dirigente de um partido político, no caso o socialista Rui Oliveira e Costa, presidir a uma empresa de sondagens e se continuar a conferir credibilidade política à isenção das sondagens por ela produzidas, também aqui se teve a prova.
Sondagens, como os chapéus do outro, há efectivamente mesmo muitas, e aparentemente vão-se encomendando à medida da tentativa de criar factos políticos e vagas de fundo. Cada vez mais a sondagem deixa de ser um mecanismo de aferição e estimativa, para se tornar numa arma de arremesso política.
Se no mercado das sondagens a credibilidade e a idoneidade ainda valer alguma coisa, o facto de ter sido apanhada com a mão na jarra das bolachas pode ter desferido um golpe eventualmente irreparável na posição do mercado da Eurosondagem.
Nobody expects the Spanish Inquisition!
23.1.06
Sem grandes surpresas...
...os resultados do Moral Politics Test:
- System: Liberalism
- Variation: Economic Liberalism
- Ideologies: Progressive NeoLiberalism
- US Parties: No match.
- Presidents: Bill Clinton (88.95%)
- 2004 Election Candidates: John Kerry (83.17%), George W. Bush (71.19%), Ralph Nader (65.06%)
Derrotados da noite III
Apesar de uma campanha feita by the book e de uma maneira geral irrepreensível, e de ter sido quem nos debates melhor réplica deu a Cavaco, o desejo de entrar num pissing contest com Jerónimo pela afirmação da sua coutada de esquerda tornou-se uma jogada de risco que culminou em falhanço. Falhanço que justifica em muito o tom crispado e de "queda de máscara" que (involuntariamente) imprimiu ao seu descurso na noite eleitoral. Depois de ter sido completamente esmagado pela demonstração de força do comício de Jerónimo no Pavilhão Atlântico, demonstrou-se finalmente que a ascensão meteórica do Bloco na política lusa terá eventualmente mais de fogo-fátuo do que de sustentado. O desejo de abrir brechas no eleitorado do PCP foi completamente gorado, e o resultado nas urnas foi decepcionante, tendo ultrapassado o limite para ter que custear a campanha do seu bolso à tangente. Fica para ver agora o que vai fazer o Bloco de Esquerda sem eleições durante três anos... Suspeita-se um aumento próximo no repisar da tecla conveniente do referendo pela despenalização do aborto!
Além disso, como curiosidade, permitiu vislumbrar na assembleia que ouvia o seu discurso que mesmo o mito do apoio sólido da juventude ao BE se tratará disso mesmo, de um mito, ou de algo muito pouco perene. Mais semelhante a uma exibição da brigada do reumático, nem o major Tomé faltou...
Derrotados da noite II
Preferiu destacar-se do Bloco de Esquerda e da sua candidatura institucional, eventualmente com a perspectiva de que a aposta em cavalo daquela envergadura era de desfecho quase certo. Aproveitou para com o título encher o peito (no pun intended), e para pôr a cabecinha de fora, tentando cativar uma réstia dos holofotes para si. Elas foram as picardias com a concorrente Cátia Guerreiro, bem ao estilo da escola de ataque aprendida no BE, ajudando em muito ao tom de ataque pessoal ensaiado por toda a candidatura nos seus tempos iniciais, ou os artigos da geração mp3, o que quer que isso seja, com que foi preenchendo a casinha blogosférica.
Com tudo isso, ganhou o rótulo de derrotada e perdedora, ao se associar do modo que se associou à causa. Demonstrou que o estatuto de carinha laroca não é testamento político, e terá comprometido seriamente o seu futuro político, pelo menos construído de coisas mais substancias do que ser um mero relay de soundbytes. O Bloco dificilmente a perdoará. Como diria o outro, Roma não paga a traidores...
Derrotados da noite I
Sem dúvida o grande derrotado da noite. Depois de se ter posto em campo para parar o "passeio triunfal", assumindo com vaidade pessoal ser "favas contadas" junto do eleitorado, foi acumulando sucessivos erros, acabando por ainda tornar mais doce a vitória a Cavaco Silva.
Desde a crispação inicial com a candidatura anunciada de Manuel Alegre, passando por uma campanha fortemente demagógica de ataques ad hominem e do agitar de espectros, foram-se sucedendo as gaffes e os ataques irrefletidos, como o contra a comunicação social. Soares conseguiu o feito de, em meia dúzia de meses, enterrar todo o seu passado político e destruir a perspectiva positiva que tinha, apesar de tudo, construido aos olhos de muitos Portugueses.
Ficou a imagem do homem agastado e que vive ainda demasiado no seu próprio passado, tendo construido em torno de si mesmo uma imagem hipervalorizada, sempre sustentada pelo coro da sua corte de cheerleaders.
No final, fica o registo da noite que marcou o seu toque de finados político.
Habituem-se!
A vingança serve-se fria
Foram precisos 30 anós após a nossa descolonização "exemplar", para ter o gosto de ver ser enxovalhado e humilhado nas urnas pelos cidadãos seus pares um dos principais protagonistas da "obra", e distinto traidor do nosso país.
Mesmo aceitando a inexistência de nexo de causalidade directo, apesar de já em muitos lugares ir ouvindo da mesma satisfação pelo mesmo motivo (à boca grande e pequena), é recompensador verificar que a imagem que vai perdurar para a história da figurona em causa, que em muitos países teria tido o devido tratamento em tribunal de guerra, e após a triste sequência a que tentou chamar de campanha eleitoral, vai ser cada vez mais a de um velho senil, tristemente iludido pela sua própria vaidade e arrogância. Dir-se-ia até em muito semelhante à imagem do Salazar dos últimos dias que combateu.
Uma espécie de Dorian Grey da nossa política do século XX cujo quandro foi sendo lentamente destapado durante esta campanha, à medida que a negra figura escondida se foi revelando. Até à exposição final.
Mesmo aceitando a inexistência de nexo de causalidade directo, apesar de já em muitos lugares ir ouvindo da mesma satisfação pelo mesmo motivo (à boca grande e pequena), é recompensador verificar que a imagem que vai perdurar para a história da figurona em causa, que em muitos países teria tido o devido tratamento em tribunal de guerra, e após a triste sequência a que tentou chamar de campanha eleitoral, vai ser cada vez mais a de um velho senil, tristemente iludido pela sua própria vaidade e arrogância. Dir-se-ia até em muito semelhante à imagem do Salazar dos últimos dias que combateu.
Uma espécie de Dorian Grey da nossa política do século XX cujo quandro foi sendo lentamente destapado durante esta campanha, à medida que a negra figura escondida se foi revelando. Até à exposição final.
Insert coin to join
Dúvida pós-eleitoral
Quem era mesmo aquele gajo que lá estava antes do Cavaco?
22.1.06
Dúvida para a noite eleitoral II
O Cavaco já pode ir dar o passeio para a Avenida da Liberdade?
21.1.06
Dúvida para a noite eleitoral
Espero que não tenhamos que preencher a noite eleitoral de amanhã seguindo as reportagens que acompanham o candidato Mário Soares, barricado numa qualquer casa de banho, ameaçando que só sai de lá quando disserem que ele é presidente da república. Ou que o Ribeiro e Castro é mesmo do PSE.
20.1.06
É fácil...
"O primeiro-ministro, José Sócrates, disse hoje que o Estado deve utilizar as suas posições accionistas na Galp e na EDP para promover a concorrência, afirmando que o Governo concluiu com sucesso a reestruturação empresarial destas duas empresas."Podia começar por vendê-las...
(Via Público Última Hora.)
18.1.06
Momento de humor do dia X
"O Governo português disponibilizou-se hoje para ajudar o Executivo de São Tomé e Príncipe na resolução da crise que afecta a Polícia Nacional, cujo comando-geral foi tomado por um grupo de agentes para reivindicar melhores condições salariais e a demissão do comandante Armando Correia."Quais é que terão sido os pergaminhos apresentados? Experiência? Habilidade no manejo do canhão-de-água? Ou terá sido somente um treino de campo para eventuais momentos que se avizinhem?
(Via Público Última Hora.)
Crónica de um retorno anunciado
A não perder: o eterno retorno, narrado pelo Rui de Albuquerque no Portugal Contemporâneo.
Vamos lá a ver se o pilim ainda vai chegar para tanta festa...
Vamos lá a ver se o pilim ainda vai chegar para tanta festa...
Auxiliar auditivo
O Irão aparentemente optou por uma nova estratégia no affair do enriquecimento de urânio:
Também é interessante verificar que, na sua actuação nobelizada, a IAEA tem optado por assumir uma posição claramente politizada, já que trata de modo diferente países com o exacto mesmo estatuto no seio das Nações Unidas. Mais uma vez se assiste a um abuso do suposto "direito" de ingerência da "comunidade internacional" numa questão que deveria ser deixada ao foro interno dos país em causa. Ainda mais quando uma das partes é tratada de um modo completamente diferente das outras (com as mesmas exactas armas nucleares que lhe querem impedir o direito de possuir estacionadas à sua porta, e provavelmente próximas de chegar a novas vizinhanças).
"O Irão propõe uma redução da quota de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) já no primeiro trimestre de 2006, afirmou hoje o representante iraniano no seio do cartel."Julgo que sem dúvida esta posição negocial será muito mais perceptível e esclarecedora para muitas cabecinhas que por aí vão organizando pissing contests. Infelizmente à custa da estabilidade da economia mundial.
Também é interessante verificar que, na sua actuação nobelizada, a IAEA tem optado por assumir uma posição claramente politizada, já que trata de modo diferente países com o exacto mesmo estatuto no seio das Nações Unidas. Mais uma vez se assiste a um abuso do suposto "direito" de ingerência da "comunidade internacional" numa questão que deveria ser deixada ao foro interno dos país em causa. Ainda mais quando uma das partes é tratada de um modo completamente diferente das outras (com as mesmas exactas armas nucleares que lhe querem impedir o direito de possuir estacionadas à sua porta, e provavelmente próximas de chegar a novas vizinhanças).
17.1.06
Novidades na mercearia
Acabei de acrescentar o Dolo Eventual e o Tau-Tau, que já andavam debaixo de olho há algum tempo, à Lista de Mercearia e ao leitor de feeds.
Bem-vindos!
Bem-vindos!
16.1.06
O que é que o Cavaco alguma vez fez por nós???
14.1.06
Se calhar era melhor mandá-lo para Guantanamo
Mais um dado para corroborar a fantochada jurídica que é o julgamento de Saddam Hussein, ou como a "justiça" também pode ser evocada para encher o olho:
"The chief judge in the trial of former Iraqi leader Saddam Hussein has tendered his resignation [...](Via BBC News.)
Judge Rizgar Mohammed Amin has been accused by Iraqi and US politicians of being too lenient on Saddam Hussein during hearings at his murder trial.
[...]
The source said that the judge had simply been trying to ensure that the trial is fair and that everyone involved gets their say."
Serviço público IV
Aqui fica, mais uma vez a pedido de um número crescente de famílias, nomeadamente as não clientes do grupo PT e que tenham dificuldades em ver conteúdos embebidos em páginas web ou streams, o momento de "surpresa" de Cavaco Silva quando inquirido sobre as declarações de Santana Lopes:
(Link original, via Bicho Carpinteiro.)
(Link original, via Bicho Carpinteiro.)
13.1.06
Sampaíces
Aparentemente, a fraude fiscal é um crime pior que o abuso sexual de menores. Pelo menos quando é a privacidade do Jorge Sampaio que é envolvida...
12.1.06
Dislates
O "nosso" Jorge Sampaio, presidente em avançado estado de decomposição política, refere hoje na sua prioridade do dia que "o respeito pela protecção de dados pessoais [nunca pode servir] para impedir o cruzamento de informações através do qual podem ser detectados delitos [relacionados com a evasão fiscal]".Se já é de estranhar (ou não muito...) a sua falta de coerência com o seu recente gesto de perdoar a um arguido todas as penas aplicadas (de prisão e multa) por crimes de fraude fiscal e abuso de confiança, seria talvez mais interessante, face ao cheque em branco passado, que subalterniza a defesa da privacidade aos ditâmes superiores da todo-poderosa e sacrossanta máquina fiscal, perguntar se ao "nosso" presidente estariam a ocorrer medidas deste género:
- Criação de uma base de dados genética para autenticação de transações comerciais.
- Publicitação pública do valor e teor de todas as transações comerciais.
- Criação de bases de dados para avaliação de padrões de consumo a utilizar em métodos indiciários.
- Legalização da devassa da correspondência pessoal (inclusivé electrónica) para fiscalização fiscal.
- Voltar a "mandar a papaia" da inversão do ónus da prova, neste caso no que se refere à máquina fiscal?
Bring out your dead!
"The Dutch foreign minister Bernard Bot has said the EU constitution is "dead" for the Netherlands, rejecting EU leaders' recent pleas for a resuscitation of the charter.(Via EUobserver.com, via O Insurgente.)
After meeting his Austrian counterpart Ursula Plassnik in The Hague, Mr Bot stated on Wednesday (11 January) "we have discussed the constitution, which for the Netherlands is dead," according to press reports. "
O papão neoliberal
No seguimento do artigo do Vitor Jesus no Speaker's Corner Liberal Social, surgiram-me alguma dúvidas em relação ao que é que ele se está a referir quando fala em "neoliberalismo". O conceito tem sido tão vilipendiado e tem sido alvo de tantas interpretações abusivas, muitas vezes fruto mais de revisionismos de conveniência do que do mínimo de rigor, que a pergunta é sempre de impôr! Quando falas de neoliberalismo estás a tentar meter no mesmo saco teorias filosóficas, económicas ou políticas como:
Já agora, como achega à discussão, recomendo uma olhadela a este artigo no meu blog (apesar que num contexto um bocado diferente).
- O Liberalismo clássico?
- A sua encarnação da Escola de Chicago (ex: Milton Friedman e sus muchachos)?
- A sua encarnação da Escola Austriaca (ex: Hayek, Mises)?
- Os Neocons?
- Os Anarco-Capitalistas?
- Os Minarquistas?
- O Utilitarismo?
- O Libertarianismo?
Já agora, como achega à discussão, recomendo uma olhadela a este artigo no meu blog (apesar que num contexto um bocado diferente).
9.1.06
No no he's not dead, he's, he's restin'!
"O chanceler austríaco Wolfgang Schussel, cujo país assume a presidência rotativa da União Europeia, estimou hoje que a Constituição Europeia não está "morta", apesar do "não" da França e da Holanda em referendo nacional, na Primavera de 2005."(Via Público Última Hora.)
Adenda: Link para o argumento do Dead Parrot Sketch.
Ecce Huomo!
Fui hoje informado pelo tempo de antena do candidato Manuel Alegre na rádio e por posterior consulta da sua biografia disponível no site de campanha, que a ele lhe é devido o notório panfleto cubano que é o "nosso" notável preâmbulo da Constituição da república, que reza assim (negritos meus):
PreâmbuloEfectivamente, foi por causa de lirismos destes que sempre foi algo difícil levar muito do constante da "nossa" CRP e do discurso das pessoas por detrás dela a sério...
A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.
A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.
A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:
Vícios providenciais
Eu, que não-fumador me confesso, muito me intrigo com as recentes e sempre recorrentes cruzadas de neo-proibicionismo contra os meus vizinhos fumadores. Se em muitas situações do dia-a-dia ainda falta a muitos deles dar exemplo de civismo, cidadania e convivência com os não-fumadores, sem dúvida abusado da sua suposta liberdade individual e demonstrando comportamentos de todo reprováveis, é certo que o argumento recorrente do seu alegado peso no erário público decorrente do peso das patologias associadas ao tabaco nas despesas de saúde no orçamento de estado sempre me pareceu forçado e pouco realista.
Meti-me então ao caminho nos meandros internáuticos para tentar avaliar da justeza do argumento. Noticia o Jornal de Negócios de 25 de Maio do ano que passou que a receita estimada do imposto sobre o tabaco durante a vigência do orçamento de estado de 2005 era de 1,22 mil milhões de euros. Sendo que a prevalência de fumadores referida pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia é de 26%, e dada uma população Portuguesa de 10,566,212 habitantes verifica-se que, em média, cada fumador entrega ao estado por mês 37 euros de imposto, perfazendo um total anual de 444 euros.
Curiosamente, este valor é em tudo semelhante ao custo de vários seguros de saúde privados disponíveis na nossa praça, com cobertura generalista, incluindo dentista e excluindo partos.
Fica ainda por considerar e contabilizar o facto de, não sendo as patologias associadas ao tabaco exclusivas dos fumadores, o volume das suas contribuições permitir estabelecer economias de escala no tratamento dessas referidas patologias a todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde, bem como o facto de a sua mais reduzida esperança média de vida (apesar de geralmente associada a uma carreira contributiva de igual duração aos não-fumadores) permitir à Caixa Geral de Aposentações uma efectiva redução de encargos.
Dados que fazem pensar.
Meti-me então ao caminho nos meandros internáuticos para tentar avaliar da justeza do argumento. Noticia o Jornal de Negócios de 25 de Maio do ano que passou que a receita estimada do imposto sobre o tabaco durante a vigência do orçamento de estado de 2005 era de 1,22 mil milhões de euros. Sendo que a prevalência de fumadores referida pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia é de 26%, e dada uma população Portuguesa de 10,566,212 habitantes verifica-se que, em média, cada fumador entrega ao estado por mês 37 euros de imposto, perfazendo um total anual de 444 euros.
Curiosamente, este valor é em tudo semelhante ao custo de vários seguros de saúde privados disponíveis na nossa praça, com cobertura generalista, incluindo dentista e excluindo partos.
Fica ainda por considerar e contabilizar o facto de, não sendo as patologias associadas ao tabaco exclusivas dos fumadores, o volume das suas contribuições permitir estabelecer economias de escala no tratamento dessas referidas patologias a todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde, bem como o facto de a sua mais reduzida esperança média de vida (apesar de geralmente associada a uma carreira contributiva de igual duração aos não-fumadores) permitir à Caixa Geral de Aposentações uma efectiva redução de encargos.
Dados que fazem pensar.
6.1.06
Viagra argumentativo
A não perder As pilinhas do liberais, por Rui de Albuquerque no Portugal Contemporâneo.
Um inimputável como presidente
"Há pelo menos dez reclusos condenados por homicídio, entre os quais um arguido preso por cinco mortes, entre os 56 indultados pelo Presidente da República em Dezembro. Tráfico de estupefacientes, furto e fraude fiscal são outros dos crimes praticados por pessoas que receberam agora o perdão de Jorge Sampaio. Um deles foi concedido a uma jovem que já não está presa desde 2003 e que entretanto foi alvo de mandado de captura.(Via Público Última Hora, com negritos meus.)
A jovem que está em liberdade e a quem Sampaio perdoou um ano de prisão foi detida em 2000 por tráfico de droga. Saiu em Setembro de 2003 por ter esgotado o prazo de prisão preventiva e sem ter sido julgada. O acórdão veio mais tarde e condenou-a a seis anos de prisão, num processo complexo com outros suspeitos.
A arguida recorreu e um tribunal superior confirmou a pena em 2004, o que deu origem a mandados de captura para que fossem cumpridos os cerca de três anos em falta. Só que até agora não voltou a ser presa.
[...]
Entre os condenados por homicídio abrangidos pelo perdão presidencial de 2005 está um homem de 75 anos castigado pelo tribunal em 18 anos de cadeia pela morte de cinco pessoas.
O caso remonta a Julho de 1998 quando três homens e duas mulheres foram abatidos a tiro numa rixa entre famílias ciganas, devido a um alegado adultério, na feira de Peso da Régua. A pena foi agora abatida em quatro anos, segundo o decreto presidencial publicado em Diário da República de 22 de Dezembro.
[...]
Pelo menos outros nove condenados pela prática de homicídios e um castigado com cadeia por tentativa de homicídio obtiveram a clemência de Sampaio. Dois foram castigados pela justiça por matar o marido ou a mulher, e um outro por provocar a morte a um vizinho.
[..]
A clemência de Sampaio incluiu ainda delitos relacionados com o fisco. Foram perdoadas a um arguido "todas as penas aplicadas" (de prisão e multa) por crimes de fraude fiscal e abuso de confiança.
A alguns reclusos Sampaio perdoou a pena acessória de expulsão do país. Foi o caso de uma cidadã estrangeira condenada por auxílio à imigração ilegal, sequestro e coacção."
5.1.06
Esclarecimentos providenciais
"O líder dos liberais britânicos, Charles Kennedy, convocou hoje eleições para a chefia do partido, depois de admitir que há 18 meses luta contra a dependência do álcool."Ficam assim eventualmente explicadas muitas coisas relativas aos LibDems Britânicos. Como por exemplo o facto de acharem que são liberais.
(Via Público Última Hora.)
4.1.06
Devaneios estatístas de um "neófito" liberal
António Pires de Lima, habitual porta-vóz do CDS-PP e alegado recém-convertido ao liberalismo de direita que, por falta de share ou por ter defraudado as espectativas iniciais relativas aos efeitos como campanha de marketing político não é actualizado desde 18 de Novembro, brindou-nos no dia de ontem (Diário Económico) com algumas notas de liberalismo de fino recorte (negritos meus):
É interessante também constatar o uníssono que constituiu a posição dos candidatos à presidência da república sobre o assunto (eventualmente com medo que o povão levasse para as urnas a perspectiva que algum deles fosse um novo Miguel de Vasconcelos), unidos da muita-esquerda à esquerdinha com juramentos de protecção da pátria.
Interessante, também, seria perguntar onde estavam muitas das vozes que agora se erguem por alegado imperativo nacional quando os euros da Iberdrola vieram em bom tempo para tapar o buraco das contas. Déficit oblige. Nessa altura, as notas tinham a mesma cor das portuguesas, e sabiam bem. Não se faziam perguntas. Mas aparentemente parecem haver ainda alguns que acham possível que se possa ter o bolo e comê-lo simultaneamente.
"O CDS-PP considera inaceitável que a Iberdrola, concorrente da EDP no sector eléctrico, passe a ter assento nos órgãos sociais da empresa portuguesa tendo assim acesso a documentos estratégicos.Após se assinalar a notável coerência nos últimos dois paragrafos transcritos, em que se anuncia a "despudorada interferência" do governo como causa de "não [se] transmitir um clima de confiança aos agentes económicos", quando ainda acima se anunciava o mesmo governo como defensor de "interesses que considera indelegáveis", verifica-se que o novo-liberal parece ter alguma dificuldade em assimilar uma economia de mercado em que um accionista de uma empresa goze dos mesmos exactos direitos de participação no dia-a-dia e no futuro da empresa que os outros co-accionistas que adquiriram participações com as exactas mesmas divisas. Mais se verifica uma certa dificuldade em aceitar uma economia de mercado em que o estado não seja o paizinho que guie pela mão supostos interesses nacionais, em paradigmas de estatização de outros tempos.
Pires de Lima lançou a dúvida sobre se estas mudanças do modelo de governação da EDP não permitem "legalizar e formalizar a espionagem industrial" ou se o Governo não estará a abrir caminho para a "absorção da empresa portuguesa pelo seu concorrente espanhol".
António Pires de Lima afirmou ainda "estranheza" pelo comportamento dos accionistas privados da EDP - Energias de Portugal, ao aceitarem a participação da Iberdrola no futuro Conselho Superior da eléctrica portuguesa.
"Estranho o comportamento dos accionistas privados não tanto pela constituição de um Conselho Superior, mas por permitirem que se venha a verificar na EDP o que eles próprios não aceitam nas suas empresas", afirmou Pires de Lima numa alusão ao BCP.
O dirigente popular sublinhou, contudo, que quem deve defender os interesses nacionais não são os accionistas privados, mas sim o Governo.
"O CDS-PP tem o direito de questionar o papel do Governo na defesa de interesses que considera indelegáveis e é nesse sentido que queremos ouvir o ministro da Economia e que ele se sujeite ao contraditório na comissão parlamentar de Economia", defendeu.
O CDS-PP acusou ainda o Governo de não transmitir um clima de confiança aos agentes económicos ao fazer uma "despudorada interferência" nas empresas públicas."
É interessante também constatar o uníssono que constituiu a posição dos candidatos à presidência da república sobre o assunto (eventualmente com medo que o povão levasse para as urnas a perspectiva que algum deles fosse um novo Miguel de Vasconcelos), unidos da muita-esquerda à esquerdinha com juramentos de protecção da pátria.
Interessante, também, seria perguntar onde estavam muitas das vozes que agora se erguem por alegado imperativo nacional quando os euros da Iberdrola vieram em bom tempo para tapar o buraco das contas. Déficit oblige. Nessa altura, as notas tinham a mesma cor das portuguesas, e sabiam bem. Não se faziam perguntas. Mas aparentemente parecem haver ainda alguns que acham possível que se possa ter o bolo e comê-lo simultaneamente.
Lata
"A Casa Branca defendeu hoje que a comunidade internacional também deve contribuir para a reconstrução do Iraque, sem confirmar nem negar que esteja a prever uma linha para esse fim no seu orçamento para 2006."Sem dúvida há que assinalar o descaramento dos que partem a loiça e querem que outros a paguem. Aguardemos então que os outros parceiros da festa se levantem para ajudar a pagar a conta.
Já agora, as empreitadas vão ser por concurso público internacional, avaliado por um júri independente (e não, governos marionete não valem...), ou já estão entregues à Haliburton e restantes amiguinhos da falcoaria?
(Via Público Última Hora.)
Medo!
"Manuel Alegre tentou hoje assumir-se como "herdeiro" de Jorge Sampaio, garantindo que levará "até às últimas consequências" a sua linha de actuação e "colando" a sua candidatura ao desafio feito pelo Presidente da República no 5 de Outubro."(Via Público Última Hora.)
How to make perfect (English) tea
Agora que o frio vai apertando, onde melhor para saber fazer do que straight from the Beeb?...
(Via Neil Gaiman's Journal.)
(Via Neil Gaiman's Journal.)
3.1.06
Aliados inesperados
O PCP insurgiu-se hoje contra a fixação administrativa do preço de bens e serviços:
"O PCP condenou hoje os aumentos de preços de bens essenciais e serviços públicos em vigor desde domingo, considerando-os "inaceitáveis" e "profundamente injustos"."(Via Público Última Hora.)
Momento de humor do dia IX
"Luís Santos, o piloto português que esteve detido 14 meses na Venezuela por suspeita de tráfico de droga e que foi absolvido a 15 de Dezembro, admitiu hoje que poderá vir a exigir uma indemnização ao Estado português."A questão deveria ser antes se o senhor Luís Santos já pagou a factura completa das despesas em que incorreu o estado Português para intervir na sua questão pessoal. É que fora dos mecanismos habituais de apoio jurídico proporcionados pelas embaixadas, para pessoas que não tenham outro ao seu alcance, não vejo em lado nenhum que haja uma qualquer obrigação de o estado Português intervir diplomáticamente junto de governantes e instâncias estrangeiras, ainda mais democráticas e com um sistema jurídico que demonstrou ter um funcionamento regular (ou pelo menos não muito diferente do Português).
O senhor Luís Santos deveria era estar caladinho e agradecido, ainda mais por ter sido merecedor de atenção ao mais alto nível, nomeadamente ao nível das presidências dos países em causa, dos seus ministérios dos negócios estrangeiros e até das suas estruturas judiciais. Ou para a próxima, se calhar, era efectivamente mais padagógico e indutor de humildade e sentido de justiça deixar o senhor Luís Santos a "mofar" numa simpática cadeia tropical, à semelhança dos outros detidos preventivos do sistema judicial Venuzuelano.
(Via Público Última Hora.)
2.1.06
Paradoxos da vida moderna
Escreve Ricardo Reis no Diário Económico (negrito meu):
Tenho muita dificuldade em perceber manifestações anti-globalização. A globalização é a transformação mais profunda e benéfica que eu presenciei. Há 20 anos, atravessar a fronteira com os meus pais para ir a Espanha era uma pequena aventura. Hoje é rotina. Ir a um restaurante japonês ou mexicano era exótico e inacessível. Chinês ou indiano só em Lisboa ou no Porto. Na altura, era uma excitação receber um chocolate suíço de quem vinha do estrangeiro; hoje, tenho à minha escolha dezenas na mercearia da esquina. Outro dia assisti num aeroporto a um diálogo entre um emigrante que explicava a outro que agora viajava para Portugal com pouca bagagem porque já não precisava de levar os produtos americanos de que gostava. Dizia-lhe: “Hoje em dia, encontra lá tudo. Até o arroz Uncle Ben’s!”(Via Biblioteca de Babel.)
No outro sentido, eu moro numa pequena vila nos Estados Unidos, com poucos emigrantes portugueses em redor. No entanto, como queijo de Azeitão e doce de tomate, durmo em lençóis de algodão portugueses e dou de prenda garrafas de cristal Atlantis, tudo isto comprado nas lojas das redondezas.
[...]
Porque é então que pessoas de diferentes países que comunicam pela Internet, partilham referências culturais, usam os seus cartões de crédito para viajar, e adoram diversidade étnica na comida, se decidem encontrar em Hong Kong para protestar contra a globalização?
Não-notícia
Bichos carpinteiros II
1.1.06
Não faças como ele...
...não enfies o camauro!